Um dos desafios que os negócios tem enfrentado nos últimos anos é o conflito de gerações dentro das organizações. Dilema vivenciado pelos próprios profissionais ao conviverem no dia a dia do trabalho com pessoas que possuem valores, prioridades e estilo de atuação diferentes. Desde que o mundo é mundo existe conflito geracional e nossa primeira experiência com esse tipo de adversidade, ocorre na família, entre os avós, pais, filhos e netos.
Há alguns anos esse “mix” se intensificou nas empresas, tornando-se mais comum encontrar profissionais de todas as gerações – baby boomers, X, Y e Z – no mesmo ambiente corporativo. Em tese, esse fato deveria ser motivo de satisfação e contentamento, pois a pluralidade potencializa visão sistêmica, aprendizado, inovação e criatividade. No entanto, na prática, o mais comum são a troca de críticas de uma geração para outra, criando distanciamento, falta de empatia e de entrosamento.
Baby boomers (nascidos entre 1945 e 1964) e geração X (de 1965 à 1984) costumam reclamar que os “Y” (de 1985 à 1999) e os “Z” (nascido a partir de 2000) não possuem comprometimento com o trabalho, que não “vestem a camisa” da empresa e que são imediatistas. Os mais jovens tendem a rotular os mais maduros como lentos, inflexíveis e atrasados em tecnologia. Eu mesma quando estava em sala ministrando um treinamento sobre liderança, ouvi alguns participantes se referiram aos colegas mais experientes, como dinossauros. Brincadeiras a parte, esse fato retrata o desconforto existente e o comportamento característico da cultura brasileira, de apontar e enfatizar as diferenças, ao invés de concentrar nas semelhanças e apreciar o diferencial e os atributos positivos pertinentes a toda geração.
Mesmo que as críticas apontadas tenham algum sentido, o fato é que como tudo na vida, as características e peculiaridades de cada geração apresentam aspectos favoráveis e desfavoráveis, facilitadores e dificultadores para o êxito no negócio e na carreira. E é justamente aí que habita a riqueza desse cenário, a oportunidade de somar visões, experiências e conhecimentos, possibilitando a criação de soluções, produtos e serviços mais efetivos para a sociedade. Além disso, a variedade de perfis no ambiente de trabalho, favorece o amadurecimento dos profissionais envolvidos, fortalecendo habilidades importantes, como administração de confitos, resiliência e trabalho em equipe.
Fala-se tanto em diversidade e inclusão de etnias, de profissionais com deficiência e igualdade de gênero, e no cotidiano ainda é comum observar dificuldades das equipes de trabalho em saberem lidar com as diferenças geracionais, que tendem a ser menos impactantes do que aquelas relacionadas às minorias sociais.
Você pode estar se perguntando: qual dessas gerações o mercado de trabalho mais valoriza? Nesse caso, eu apostaria que a análise do perfil comportamental tenha mais peso na decisão
Obviamente as diferenças geracionais existem e ocorrem como reflexos das transformações sociais influenciadas por um processo natural de mudança de comportamentos e de valores, de acordo com as necessidades, acontecimentos e inovações tecnológicas de cada período histórico.
Um exemplo disso é a interação com a carreira. Os profissionais mais maduros tendem a buscar experiências profissionais duradouras, valorizam trabalhar, dedicar e acumular muito dinheiro para aproveitarem a vida no futuro. Os mais jovens, também chamados de millennials e nativos digitais, são tecnológicos, valorizam experiências diversificadas, buscam trabalho com significado e felicidade e almejam curtir a vida enquanto trabalham.
É claro que não devemos tratar essas questões com determinismo, já que o ser humano é muito complexo e sua personalidade não se limita a cronologia, mas também não podemos negar a influência da época em que nasceram.
Tanto os profissionais como as organizações devem levar em consideração essas informações que impactam na gestão e planejamento da carreira, bem como na formação de times e consequentemente, nos negócios.
Você pode estar se perguntando: qual dessas gerações o mercado de trabalho mais valoriza? Nesse caso, eu apostaria que a análise do perfil comportamental tenha mais peso na decisão.
E o perfil comportamental que tende a ser mais atrativo e “contratável” é o da geração perennials, aqueles profissionais que buscam viver as experiências próprias de cada geração. São atemporais, não se importam com diferenças e querem aproveitar o melhor da vida. São pessoas entusiastas, curiosas, que gostam de aprender, de desenvolver novas habilidades e conhecimentos. Demonstram ousadia e capacidade para correr riscos, possuem mente aberta e visão sistêmica.
No final das contas, a idade pouco importa. Não faz sentido rotular, classificar e separar. É necessário incluir e integrar. O mundo quer e precisa de gente disposta e com atitude!