Propósito
Por: Rubens Menin*
Em maio, participei de um curso na Singularity University, organização acadêmica do Vale do Silício (EUA). Já companhava o desempenho dessa instituição, interessado no experimento educacional do Raymond Kurzweil, Diretor de Engenharia da Google. A experiência conseguiu superar minhas expectativas. Não apenas pelos conceitos do avanço exponencial da tecnologia, como também pelo impacto que isso vem produzindo na vida das pessoas e nas empresas. Além disso, tive a alegria de descobrir os fundamentos acadêmicos em muitas das práticas adotadas intuitivamente pela MRV.
A mudança do ambiente de negócios e das necessidades de reposicionamento empresarial estão exigindo novos métodos de gestão à realidade dominante. As empresas eram vistas quase que exclusivamente por sua capacidade de gerar empregos, de produzir resultados e de entregar produtos e serviços com boa aceitação. Isso já se tornou ultrapassado. Os clientes não admitem mais adquirir produtos e serviços de qualquer empresa. O que esperam hoje é um compromisso muito mais amplo, incluindo uma inserção responsável na própria sociedade com quem ela se relaciona. O conceito não é tão revolucionário assim. Robert E. Freeman já havia criado, desde 1984, o conceito de “stakeholders”. A designação inventada abrange todos públicos envolvidos nas atividades e considera toda essa multiplicidade de interesses como a base da gestão empresarial moderna. Mas se esses conceitos já existiam, onde está a revolução contida nos ensinamentos da Singularity University?
O “propósito”. Isto é a essência daquilo que a torna exclusiva e indispensável. É o conjunto de características operacionais que lhe garantem a existência sustentável e que fazem com que todos os seus públicos corram em sua defesa. Joseph A. Reiman, influente publicitário, definiu “propósito” como um modo único de atuação por meio do qual uma marca fará a diferença no mundo. Ou seja, além de atender os interesses de todos os seus “stakeholders”, a empresa terá que ser um instrumento de transformação, contribuindo com a humanidade.
Voltei dessa experiência com a convicção fortalecida de que as empresas que não tiverem um “propósito” não sobreviverão sustentavelmente. Aquelas que se constituírem a partir de um “propósito” válido, poderão se materializar como instrumento de transformação. Esta é uma conceituação preciosa.
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Rubens Menin é fundador e presidente do Conselho de Administração da MRV Engenharia