O fundo canadense Brookfield está disposto a desembolsar R$ 1,4 bilhão pela Renova Energia – empresa fundada há 6 anos, controlada por Cemig e Light e com forte atuação no setor eólico da Bahia. Pioneira no estado, a companhia foi responsável pela implantação de dezenas de parques eólicos nas regiões de Caetité, Guanambi, Igaporã e Pindaí, somando mais de 1GW de capacidade instalada contratada.
As negociações entre a Brookfield Energia Renovável e a Renova começaram há mais de quatro meses. A oferta envolve R$ 6 por unit (pacote de ações ordinárias e preferenciais) da Renova e um aporte primário na companhia de R$ 1,4 bilhão. Em fato relevante, assinado por Cristiano Corrêa de Barros, diretor vice-presidente de finanças, desenvolvimento de negócios e relações com investidores, a Renova diz que a “oferta inclui earn-out de até R$ 1,00 por unit, relativo a qualquer valor recebido pela Companhia decorrente de ajuste futuro no preço de venda do Complexo Eólico Alto Sertão II”. E acrescenta: “Em caso de aceite, será concedido à Brookfield um período de exclusividade de 60 dias, prorrogáveis por mais 30 dias, para finalização dos documentos da transação. Tal transação deverá ser apreciada e aprovada pelos órgãos de governança da Companhia e de seus controladores”.
A Renova tem recorrido à venda de ativos para reduzir seu nível de endividamento, que passa de R$ 1,5 bilhão. A crise na empresa começou a partir de acordo com o grupo norte-americano SunEdison. Há pouco mais de dois anos, a companhia brasileira vendeu 14 parques eólicos para os americanos, por cerca de R$ 1,6 bilhão. Desse valor, cerca de R$ 500 milhões entraram no caixa da empresa em dinheiro, e o pagamento restante foi em ações. Com dificuldades nos Estados Unidos, os papéis da SunEdison derreteram e a Renova teve de contabilizar as perdas e fazer uma ampla reestruturação.
Venda de ativos
A Renova vendeu no início deste ano para AES Tietê o complexo eólico Alto Sertão II por R$ 650 milhões. Com 15 parques, 230 aerogeradores e potência instalada de 386,1 MW, o empreendimento fica entre os municípios de Caetité, Guanambi, Igaporã e Pindaí.
Em agosto passado, transferiu para a a Engie Energia o projeto do Complexo Eólico Umburanas, localizado no município de Umburanas, no norte do estado, e com capacidade instalada de 605 MW. O negócio rendeu R$ 15 mihões. Porém, como a negociação envolvia o pedido de cancelamento de quatro outorgas deste mesmo complexo, a Renova acabou sendo penalizada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). A empresa está impedida de contratar ou participar de licitações promovidas pela Aneel pelo período de um ano e ainda foi multada em mais de R$ 3,8 milhões.