O novo Indicador de Uso de Crédito e de Propensão ao Consumo, calculado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL), aponta que somente 15% dos consumidores disseram ter ficado no azul em março, com sobra de dinheiro, sendo que 12% pretendem poupar a sobra e 4% pretendem gastar o dinheiro extra. Os dados mostram que 46% ficaram no “zero a zero”, garantindo não ter sobra nem falta de dinheiro no mês. O dado mais alarmante mostra que quase um terço dos entrevistados (32%) está no vermelho, sem conseguir pagar todas as contas.
Segundo especialistas do SPC Brasil, é preocupante o grande número de entrevistados que afirmou estar em vermelho ou mesmo no zero a zero. “Tal situação pode ter sido agravada pela crise, mas sofre influência também da falta de planejamento do orçamento pessoal. Organizar as finanças de forma que seja possível a formação de uma reserva para lidar com os imprevistos e emergências é essencial para que haja tranquilidade, e pode evitar o endividamento em momentos de maior dificuldade financeira”, afirma a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti.
O Indicador mostra ainda que 63% dos consumidores planejam cortar os gastos totais em abril, incluindo itens como supermercado, água, luz, telefone, transporte, roupas e lazer. Tal intenção de reduzir gastos é justificada por 23% dos entrevistados com o fato de estarem sempre tentando economizar. Porém, a crise econômica também tem sua influência sobre os respondentes: 18% pretendem realizar cortes porque os preços estão muito elevados, e 14% tiveram redução da renda ou dos ganhos.
Gastos
Pouco menos de um terço dos entrevistados (28%) afirmaram que pretendem manter o mesmo nível de gastos e apenas 7% manifestaram a intenção de aumentar. Excluindo itens de supermercado, na lista dos produtos que os consumidores planejam comprar no mês de abril, os itens de farmácia aparecem em primeiro lugar, citados por 29%. Em seguida, aparecem a recarga de celular (25%), roupas, calçados e acessórios (22%), perfumes e cosméticos (17%) e os materiais de construção, citados por 10%.
Para o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Junior, a conjuntura econômica começa a mostrar sinais de recuperação. “Com os preços mais controlados e uma redução na restrição ao crédito, é de se esperar que o consumo se recupere aos poucos. A inflação tem começado a ceder e, com isso, a queda nas taxas de juros deve se manter nos próximos meses”, afirma Pellizaro. “É de grande importância que o consumidor, diante deste cenário de recuperação econômica, aproveite para se organizar na formação de uma reserva e consuma com cautela, buscando evitar o endividamento e propiciando para sua família uma vida financeira saudável e sustentável.”